segunda-feira, dezembro 12, 2005

Táxis no feminino

Hoje resolvi comentar uma notícia que vi aqui. Apesar dos aditamentos jocosos, é uma iniciativa de louvar. Cá vai.

Serviço de táxis só para mulheres

O Ministério do Turismo da Índia inaugurou hoje um serviço de táxis gerido por mulheres e que só transportará mulheres, de modo a garantir a sua segurança e dar trabalho às jovens indianas.

Se fosse em Portugal isto não resultava. Táxis e segurança é algo que não combina muito bem.

O novo serviço de táxis, que se chama "Priyadarshini", nome por que era conhecido a falecida primeira-ministra Indira Gandhi, iniciou-se hoje no terminal do aeroporto de Nova Deli.

Por aqui seria algo como ter um serviço de nome “Pintassilgo” a sair da Portela, ou da Ota, ou de Alverca… Depende de para onde vai o aeroporto.

Nove táxis brancos, com o logotipo e fotos da campanha turística "A Incrível Índia", serão conduzidos por jovens vestidas com trajes ocidentais.

Um importante aeroporto de um dos mais populosos países do mundo. Resultado? Nove táxis!

As motoristas receberam formação em defesa pessoal, mecânica, inglês e História da Índia.

Defesa pessoal e mecânica: dar um enxerto de porrada com uma chave-inglesa.

A iniciativa foi tomada depois de, no ano passado, terem ocorrido vários incidentes violentos com mulheres que viajaram sozinhas para a capital indiana, onde todos os taxistas e condutores de outros serviços públicos são homens, não sendo habitual ver mulheres na rua depois do pôr-do-sol.

Não é habitual ver mulheres na rua depois do pôr-do-sol... Tal como nas florestas da Amazónia, também na Índia os predadores saem à noite.

"Esta iniciativa é um esforço para demonstrar às mulheres que há uma carreira para além da cozinha", disse a ministra indiana do Turismo, Renuka Choudhuri.

Ainda existem (e quer parecer-me que vão continuar a existir) países onde as mulheres “servem” apenas para a cozinha, o tanque, a casa e os filhos. E é uma mulher a dizer isto.

"Agora, elas podem imprimir a sua identidade à indústria turística e aceder à independência económica", acrescentou. O serviço de Priyadarshini deverá ser estendido proximamente a Bombaim e a Hyderabad.

«Agora elas podem ter independência económica». Todas as gerações de mulheres indianas sonhavam com isto: conduzir um táxi para ganhar uns trocos. Agora, nove “sortudas” conseguiram-no.

Embora, por ora, só possa ser utilizado por estrangeiras, futuramente deverá alargar-se às indianas.

Resumindo: as mulheres indianas podem ser atacadas, mas as estrangeiras nunca. E se o «futuramente» for como aqui no burgo, talvez o serviço seja alargado quando os táxis voarem.

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